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Programa multidisciplinar reduz tempo de atendimento do infarto

Média de tempo caiu de 130 para 60 minutos nos últimos cinco anos; Serviço acaba de conquistar sua terceira certificação internacional de qualidade

Redução do atendimento em casos de infarto

O coração não pode parar. O músculo cardíaco é responsável por bombear oxigênio e nutrientes por meio do sangue para todo o corpo. Quando uma das artérias que irrigam parte do órgão é bloqueada, a passagem de sangue fica interrompida provocando o infarto agudo do miocárdio. Por isso, o tratamento para desobstruir essa artéria e fazer com que o sangue volte a circular deve ser rápido, reduzindo danos e a mortalidade.

Assim como a evolução dos métodos diagnósticos, medicamentos e as novas tecnologias imprimiram um cenário mais promissor no tratamento da doença cardíaca, a redução do tempo de atendimento também tem registrado avanços para salvar vidas. “O ideal é que o atendimento desde a chegada do paciente ao hospital até a desobstrução da artéria afetada seja realizado em até 60 minutos”, afirma o cardiologista Dr. Leopoldo Piegas, Coordenador do Programa de Cuidados Clínicos do Infarto Agudo do Miocárdio HCor.

O ideal é que o atendimento desde a chegada do paciente ao hospital até a desobstrução da artéria afetada seja realizado em até 60 minutos

Em cinco anos, o trabalho multidisciplinar desenvolvido pela sua equipe conseguiu reduzir pela metade o tempo do atendimento dentro da instituição, passando de aproximadamente 130 minutos para 60 minutos. Um dos resultados foi a queda do índice de mortalidade dos pacientes infartados, de 6% para 4%.

O número é importante para uma doença com grande incidência no país, que registra uma vítima a cada cinco minutos. Por ano, mais de 300 mil pessoas têm um infarto e cerca de 100 mil não conseguem sobreviver, conforme estimativa do Ministério da Saúde. O infarto agudo do miocárdio é responsável por 30% de todas as mortes registradas no Brasil.

Caso o paciente não seja tratado imediatamente, além do risco de óbito, aumenta o potencial de sequelas originadas pela necrose muscular, a morte das células do miocárdio. Campanhas de educação e esclarecimento da população devem enfatizar que o paciente com suspeita de infarto seja levado o mais rápido possível ao hospital. Entre os sintomas, destacam-se dor intensa no peito, algumas vezes irradiada para o braço esquerdo ou queixo, associada à sudorese, mal-estar, tontura e náusea.

“Uma pessoa que leva três horas até ter a artéria responsável pelo infarto aberta apresenta uma evolução muito pior do que outra que seja atendida em 60 minutos”, explica o Dr. Piegas.

Fatores de risco

A obstrução da artéria ocorre porque se forma uma placa de gordura rica em colesterol que num determinado momento se rompe, provocando uma alteração na coagulação. Os principais fatores de risco são tabagismo, pressão alta, colesterol, diabetes, sedentarismo e histórico familiar de casos precoces em parentes próximos como pais ou irmãos.

Para a prevenção, a recomendação é manter hábitos de vida saudáveis, como a diminuição do estresse, atividade física regular, alimentação equilibrada, evitando excesso de gordura e carboidratos, e não fumar. “É importante controlar os fatores de risco, pois eles vão se somando. Se o paciente fuma, o risco é cinco vezes maior. Caso ele fume e também tenha diabetes, por exemplo, o risco aumenta para 15 vezes”, avalia o cardiologista. Os que já têm a doença coronária estabelecida devem fazer um acompanhamento rigoroso e realizar avaliações com seu cardiologista pelo menos a cada seis meses.

ATENDIMENTO COM CERTIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE QUALIDADE

O Programa de Cuidados Clínicos do Infarto Agudo do Miocárdio do HCor conquistou este ano a terceira certificação de qualidade de um dos órgãos mais importantes do mundo na área da saúde, a Joint Commission International (JCI). “Nosso serviço foi avaliado pelos mais rigorosos padrões de qualidade internacionais e superou todas as metas para a conquista desta certificação”, afirma Dr. Leopoldo Piegas.

Para isso, o hospital, que já era referência, melhorou ainda mais os processos de atendimento logísticos e médicos. Foi preparada uma estrutura para que, assim que o paciente chegue ao hospital, passe por uma triagem, faça eletrocardiograma em até dez minutos e passe pela avaliação médica. Com o diagnóstico de infarto confirmado, ele é transferido imediatamente à sala de hemodinâmica, área especial para procedimentos cardíacos, onde é feita a desobstrução da artéria afetada. Todo processo é feito em, no máximo, uma hora.

O Programa de Cuidados Clínicos do Infarto Agudo do Miocárdio é formado por uma numerosa equipe multidisciplinar composta por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, farmacêuticos e psicólogos, que atuam de forma integrada a fim de melhorar os resultados do tratamento, reduzindo o tempo de internação e a mortalidade. “Esse programa traz um aumento na sobrevida desses pacientes com melhor qualidade de vida. Eles recebem apoio psicológico, fisioterapêutico com exercícios monitorados, reeducação alimentar, indicação e aconselhamento para abandonar o tabagismo, além da orientação médica na alta hospitalar”, explica Dr. Piegas. Além disso, os pacientes continuam sendo acompanhados pela equipe multidisciplinar junto com seus médicos assistentes no primeiro ano de evolução.