O risco do diabetes para o coração
Saiba como prevenir e tratar a doença que compromete de forma expressiva a saúde cardíaca
Atualmente, cerca de 12% da população brasileira têm diabetes mellitus do tipo 2. Diretamente associada com a obesidade, a doença está entre os principais fatores de risco para o coração. “A diferença de diabetes tipo 2 para o 1 é que ela pode ser desenvolvida mesmo por pessoas cujo organismo ainda produza insulina. Por isso, pode afetar qualquer um e progredir com grande facilidade à medida que os hábitos de vida que encontramos hoje em dia favorecem bastante a ausência de exercícios físicos e o ganho excessivo de peso”, explica a endocrinologista do HCor, Dra. Laura Frontana.
O Diabetes tipo 2 se dá quando o acúmulo de gordura provocado pelo sobrepeso, principalmente, na região abdominal do corpo, diminui a eficiência dos receptores de insulina presentes nas membranas celulares, obrigando o organismo a produzir insulina em excesso para compensar esta disfunção dos receptores. “Esse processo não só dificulta o trabalho do organismo na hora de transformar glicose em energia, mas também pode acarretar uma disfunção que inibe a sensação de saciedade por parte do indivíduo”, afirma Dra. Laura.
Dr. Ricardo Pavanello, cardiologista do HCor, complementa explicando que a glicose em excesso provoca a aceleração dos processos que causam entupimento das artérias e é isso o que acaba afetando o sistema cardiovascular. “O diabetes acelera muito a aterogênese, ou seja, a formação das placas de gordura nas artérias do coração, cérebro e das pernas. O controle da glicemia, embora seja indispensável, não é suficiente para anular o diabetes como fator de risco para progressão da doença aterosclerótica. Nestes pacientes, é necessário reduzir ainda mais os níveis de lipídios e da pressão arterial.
O diabetes acelera muito a aterogênese, ou seja, a formação das placas de gordura nas artérias do coração, cérebro e das pernas. O controle da glicemia, embora seja indispensável, não é suficiente para anular o diabetes como ator de risco para progressão da doença aterosclerótica
O diabetes também pode ser tratado com medicações por via oral, injetável subcutaneamente, além, claro, da dieta e da atividade física”, revela Dr. Pavanello.
A Dra. Regeane Cronfli, endocrinologista do HCor, acrescenta que o simples fato de um paciente ser portador de diabetes mellitus do tipo 2 eleva tanto o risco de ele vir a apresentar um evento cardiovascular maior (como a ocorrência de um infarto agudo do miocárdio) que esse risco passa a ser igual ao de uma pessoa que já apresentou um infarto anteriormente. “Por isso é que se diz que o diabetes do tipo 2 é um “equivalente coronariano”. Ou seja, leva o seu portador a possuir risco de apresentar um infarto agudo do miocárdio equivalente ao de uma pessoa que já seja previamente portadora de insuficiência coronariana”, explica.
A médica explica que as partículas de colesterol de uma pessoa diabética possuem características físicas e químicas que as tornam, potencialmente, muito mais capazes de causar a formação de placas no interior das artérias, o que pode levar à sua obstrução mesmo quando os níveis de colesterol se encontram dentro dos valores considerados normais para uma pessoa não diabética. “Devido a isso, os níveis de colesterol considerados adequados para um indivíduo diabético são bem mais baixos do que os de alguém não diabético, devendo ser tão baixos quanto os que se procura atingir num indivíduo que já teve um infarto do miocárdio prévio”, revela a Dra. Regeane.
Prevenção e tratamento
Para tratar e também prevenir o diabetes tipo 2, o melhor remédio ainda é combater a obesidade. Por isso, é fundamental acabar com o sedentarismo adotando a prática de atividades físicas regulares, mediante avaliação médica. “Fazer exercícios não só ajuda a queimar o açúcar e o excesso calórico presente no organismo, mas também regula o metabolismo aumentando a eficiência da insulina. Tais benefícios são fundamentais para o controle e até a reversão da doença ao longo dos anos”, afirma Dra. Laura. Outra orientação da médica para combater o diabetes tipo 2 é que pessoas acima do peso consultem um nutricionista para iniciar um processo de reeducação alimentar e, consequentemente, adotem um estilo de vida saudável.
Diabetes em números
• Em 10 anos o número de pessoas diagnosticadas com diabetes cresceu 61,8%
• Passou de 5,5% em 2006 para 8,9% em 2016
• Nas mulheres saltou de 6,3% em 2006 para 9,9% em 2016
• Nos homens de 4,6% em 2006 para 7,8% em 2016
• Maior prevalência na cidade do Rio de Janeiro (10,4%)
• Menor prevalência em Boa Vista – RR (5,3%)
• 27,2% das pessoas com mais de 65 anos têm a doença
Fonte/VIGÍTEL Brasil 2016
Fazer exercícios não só ajuda a queimar o açúcar e o excesso calórico presente no organismo, mas também regula o metabolismo aumentando a eficiência da insulina. Tais benefícios são fundamentais para o controle e até a reversão da doença ao longo dos anos
Confira algumas dicas de combate ao diabetes
• Pratique atividade física, no mínimo, 3 vezes por semana. O ideal seriam 150 minutos semanais de atividade física regular.
• Insira alimentos ricos em fibras na dieta, como verduras, legumes e frutas.
• Consuma carboidratos, como arroz, pães e massas, de forma moderada. Preferindo sempre os integrais.
• Dê preferência ao consumo de frutas em seu estado original, ao invés de sucos, devido à rápida absorção do açúcar pelo organismo.
• Não consuma açúcares refinados, presentes nos doces, bolos, sucos e bebidas industrializadas.
• Prefira sempre os alimentos não processados.
• Monitore regularmente seu excesso de peso e não permita pequenos ganhos pontuais, já que, ao longo dos anos, eles se somarão.