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Cresce a incidência de doenças cardíacas em mulheres

Falta de atividade física e dieta inadequada levam á obesidade, que é um dos fatores de risco mais preocupantes; quando a mulher fuma, o risco de doença cardiovascular aumenta 25% comparado a homens fumantes

Com o envelhecimento da população e a mudança do estilo de vida, as doenças cardiovasculares passaram a liderar as causas de mortalidade feminina, na frente do câncer de mama, útero e ovário. De cada dez vítimas fatais no Brasil quatro são mulheres, sendo que há 50 anos esse número não chegava a 10%. Um dos principais motivos é a resistência em cuidar do coração regularmente. Já há, tradicionalmente, uma rotina de realização de exames ginecológicos e de mama anualmente, mas quando o assunto é check-up cardiológico a frequência é bem menor. “Apesar dos avanços com os modernos tratamentos clínicos e de revascularização, as mulheres ainda são tradicionalmente tratadas com menor intensidade e de forma mais conservadora”, avalia a cardiologista clínica do HCor, Dra. Tatiana Sawabini.

Uma explicação para esse crescimento acentuado da doença cardiovascular entre o público feminino pode estar nas diferenças como as doenças se desenvolvem em ambos os sexos. Dra. Tatiana explica que as mulheres apresentam sintomas atípicos da síndrome coronária aguda, o que torna o diagnóstico mais difícil. No homem, o infarto costuma ser precedido por uma forte dor no peito que irradia para os braços. Entretanto, nas mulheres também é comum sentir náusea, fraqueza, dores gástricas e falta de ar – sintomas que podem ser confundidos com outras doenças.

“Elas apresentam também maior variedade de causas, ou seja, enquanto homens têm a doença aterosclerótica obstrutiva como origem praticamente exclusiva dos problemas cardíacos, mulheres manifestam uma incidência maior de alterações vasculares, disfunções arteriais e síndrome como a do coração partido (lesão após uma situação de estresse)”, afirma a cardiologista. “Portanto, grande prontidão diagnóstica é exigida, especialmente porque, embora tenham menos angina típica, mulheres registram pior prognóstico do que homens”.

Fatores de risco

As doenças cardíacas estão associadas ao envelhecimento e ao estilo de vida. Os fatores de risco são o histórico familiar, a hipertensão arterial, o diabetes mellitus, o aumento dos níveis de colesterol, especialmente o LDL, tabagismo, sedentarismo e obesidade. Mas, na mulher, alguns deles têm efeito mais acentuado.

A rotina de trabalho e de cuidados com a família expõe ao estresse e favorece hábitos pouco saudáveis. A falta de atividade física e a dieta inadequada levam à obesidade, que é um dos fatores de risco mais preocupantes, já que o número de mulheres obesas no Brasil cresceu 64% em 10 anos. Quando a mulher fuma, o risco de doença cardiovascular aumenta 25% comparado a homens fumantes.

Além disso, elas também estão sujeitas a causas específicas. A hipertensão no ciclo da gravidez, o diabetes gestacional e o parto prematuro estão relacionados ao aumento do risco cardiovascular a longo prazo. Em pacientes tratadas por câncer de mama e radioterapia, há elevação da frequência de doença coronária. Com a menopausa, a proteção do hormônio estrogênio que estimula a dilatação dos vasos, facilitando o fluxo sanguíneo, começa a diminuir, o que contribui para o aumento do risco de doenças cardiovasculares.

“O efeito da menopausa e subsequente reposição de estrogênio para prevenção de doença cardiovascular é um dos tópicos mais controversos dos últimos anos. Atualmente a reposição hormonal em baixas doses e precoce pode ser um bom tratamento para sintomas de menopausa na ausência de contraindicações, porém não deve ser prescrito para prevenção primária ou secundária de doença cardíaca”, alerta a Dra. Tatiana.

Fatores de Risco

  • Histórico familiar
  • Alimentação inadequada
  • Diabetes
  • Hipertensão arterial
  • Níveis de colesterol elevados
  • Obesidade
  • Sedentarismo
  • Tabagismo
  • Menopausa

Prevenção

Entre as muitas manifestações da doença cardiovascular, cardíaca, cerebral e periférica, a incidência varia conforme a faixa etária. Nas mulheres pré-menopausa, predominam os quadros anginosos e o acidente vascular cerebral isquêmico como primeira manifestação da doença. Na meia idade, a incidência de infarto agudo aumenta e se aproxima bastante do observado em homens.

A orientação para evitar problemas com o coração é a adoção de um estilo de vida mais saudável. Abandonar o fumo, manter o peso e um programa regular de exercícios são imprescindíveis, além de adequar a dieta e controlar os níveis de colesterol. Dra. Tatiana aconselha o acompanhamento médico regular de uma pessoa de baixo risco após os 40 anos, com monitoramento frequente dos níveis de colesterol e de glicemia.

Médica do HCor conclui doutorado

Médica do Hcor conclui doutorado

Tese de doutorado da Dra. Adriana foi apresentada e aprovada no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. “O escore DESIRE fornece a estimativa do risco relacionado ao implante de stents coronários farmacológicos e consiste numa ferramenta muito útil para a tomada de decisão terapêutica e para obtenção de pacientes melhor informados”, comenta a doutora.

Tratamento menos invasivo

Cirurgia minimamente invasiva

Com maior expectativa de vida que os homens, as mulheres acabam mais expostas a doenças degenerativas como, por exemplo, a estenose aórtica. Caracterizada pelo estreitamento da válvula aórtica, que controla o fluxo de sangue do coração, a doença é tratada com uma técnica minimamente invasiva. “A estenose é mais frequente em mulheres acima de 70 anos.Por isso, é indicado um tratamento menos invasivo e mais seguro, em que o paciente terá uma recuperação melhor”, afirma o Dr. Alexandre Abizaid, coordenador da Sala Híbrida de Cardiologia do HCor. Para substituir a válvula sem colocar o paciente em risco em uma cirurgia convencional, a troca é feita por via percutânea, por meio de um cateter inserido na virilha, procedimento semelhante ao cateterismo cardíaco, minimamente invasivo. O procedimento é realizado na Sala Híbrida, um centro cirúrgico integrado a equipamentos de última geração, com imagens tridimensionais, que garantem precisão aos casos mais delicados e complexos. Sobre as doenças cardíacas de uma forma geral, de acordo com o Dr. Abizaid, o grande problema é que a mulher é diagnosticada mais tarde. “Além da maior exposição aos fatores de risco, estudos mostram que as queixas clínicas cardíacas das mulheres são menos valorizadas que as dos homens”, explica o cardiologista. “É preciso uma conscientização da importância do diagnóstico preciso e preventivo”.