Ingestão inadequada de nutrientes durante a infância pode influenciar o desenvolvimento físico e intelectual por toda a vida. Saiba quais são os principais motivos que levam os pequenos a negar alguns alimentos e como transformar a hora da refeição em um momento lúdico e saboroso
Falta de interesse pela comida, rejeição às frutas e aos vegetais, rara sensação de fome, ingestão somente de alguns alimentos, comer pouco ou devagar, e muita, mas muita distração são alguns dos comportamentos mais frequentes das crianças à mesa. Líder absoluto de reclamações nos consultórios pediátricos, a falta de apetite dos pequenos é uma das coisas que mais preocupa os pais. Se a situação foge do controle, pode realmente levá-los a um ataque de nervos por ficarem sem saber como agir para reverter a repulsa pela porção mais colorida e saudável do prato.
Pesquisas mostram que um terço das crianças são classificadas como picky eaters (crianças seletivas, em português). Entre elas, 63% fazem de tudo para evitar o momento de se alimentar, enquanto que 90% consomem guloseimas ao longo do dia, comprometendo o apetite na hora da refeição principal. A ingestão inadequada de nutrientes durante a infância pode influenciar o desenvolvimento físico e intelectual por toda a vida. Por isso, é importante observar se a falta de apetite é persistente ou temporária e a quais fatores externos as crianças estão expostas.
Uma das melhores estratégias é envolver as crianças o quanto antes na compra e no preparo dos alimentos. “Manter uma rotina alimentar em casa é essencial para que a criança desenvolva hábitos saudáveis. Fazer as refeições em horários regrados, longe de objetos que tirem sua atenção, além de oferecer alimentos saudáveis, são algumas medidas capazes de fazer com que os filhos entendam que aquele é um momento importante do dia”, orienta Dra. Daniela Gomes, pediatra e nutróloga do HCor – Hospital do Coração, em São Paulo.
Os vilões
Desaceleração do crescimento: os primeiros 12 meses de vida são marcados por um crescimento rápido. Do 18º mês aos 2 anos, ocorre uma desaceleração natural. “Neste caso, as crianças comem menos, pois precisam de quantidades menores de calorias para sustentar este crescimento mais lento”, explica a médica.
Os comedores seletivos: os picky eaters, são caracterizados pela falta de vontade de experimentar novos alimentos. Segundo Dra. Daniela, na fase em que o crescimento tira o pé do acelerador, frequentemente este comportamento desaparece.
Doenças: resfriados, gripes e infecções respiratórias em geral reduzem o apetite de qualquer pessoa. Ficar atento à saúde dos filhos, conforme explica a nutróloga do HCor, é fundamental para evitar que as crianças se alimentem menos que o habitual.
Desatenção: brinquedos, celulares, tablets e TV distraem facilmente as crianças à mesa, o que causa um impacto negativo sobre a alimentação.
Adote algumas estratégias
Em muitos casos, é importante levar em consideração que, mesmo comendo pouco, muitas crianças conseguem ter um crescimento dentro da média e viver bem. Entretanto, vale ressaltar que, quando a restrição alimentar é permanente, buscar ajuda e orientação de um pediatra é de suma importância. Confira algumas dicas para driblar a resistência dos pequenos:
- Não transforme a refeição em castigo, muito menos a sobremesa em prêmio;
- Respeite o apetite de seu filho – ou a falta dele. Se a criança consumir ao menos a metade da refeição oferecida, aceite. Provavelmente, foi o suficiente para aquele momento;
- Mantenha uma rotina com os horários das refeições;
- Seja o exemplo para seu filho;
- Abuse da criatividade e sirva uma variedade de alimentos coloridos;
- Leve seu filho para as compras e peça ajuda na hora de preparar os alimentos.