De vilã à mocinha, as gorduras consideradas do bem cumprem papéis importantes no organismo. Sua deficiência pode causar perda de memória, prejuízos ao metabolismo ósseo e à absorção de vitaminas. A ordem, no entanto, é evitar, ao máximo, as gorduras consideradas nocivas, como as saturadas, encontradas em alimentos de origem animal
Já está mais do que na hora de se desprender da ideia de que o consumo de gordura é o que faz ganhar uns quilinhos a mais. De fato, comer batata frita, hambúrguer ou outras guloseimas todos os dias não fará ninguém manter a boa forma, muito menos a saúde. No entanto, é importante ter em mente que a gordura desempenha papel essencial no organismo. “Além de proporcionar energia, ela auxilia na produção de hormônios, na absorção de vitaminas (A, B, E e K) e no funcionamento do cérebro”, explica Camila Torreglosa, nutricionista do HCor – Hospital do Coração.
Uma dieta completamente isenta do nutriente pode trazer prejuízos à visão, ao metabolismo ósseo, à fertilidade, à coagulação sanguínea e à proteção contra radicais livres – moléculas do organismo mediadoras de doenças. Por isso, o consumo na medida certa de gorduras é essencial. Uma pessoa que consome 2000 calorias por dia, por exemplo, não deve ultrapassar 66 gramas de gorduras totais, o que representa 30% do valor energético total da dieta. Os valores podem variar entre as pessoas, de acordo com idade, gênero, peso e índice de massa corporal (IMC).
Mas afinal, como calcular, de maneira fácil, a quantidade de gordura ingerida? Se você é uma dessas pessoas que foge de cálculos, há uma forma bem simples. “O mais fácil é procurar a ajuda de um profissional. Além de avaliar todas as necessidades do paciente, ele levará em conta a distribuição dos demais nutrientes, como carboidratos e proteínas, antes de indicar o total de gordura, e o tipo, que cada um necessita”, explica a nutricionista do HCor.
Alimentos com gorduras do “bem”
Algumas formas do nutriente são produzidas no organismo, outras obtidas a partir da ingestão de alimentos. As gorduras insaturadas, divididas em poli-insaturadas e monoinsaturadas, na devida proporção, exercem efeito anti-inflamatório, melhoram a coagulação e reduzem o colesterol ruim (LDL). “Com bom senso e equilíbrio na escolha, azeite de oliva, óleo de canola, nozes, amêndoas, castanhas e abacate, óleo de girassol, milho e soja, salmão, atum, sardinha e linhaça são ótimas fontes de gorduras do bem e consideradas essenciais para a saúde”, sugere Camila.
O outro lado
De modo geral, abusar das gorduras, principalmente as saturadas, está associado a doenças cardiovasculares e a inflamações. Já as gorduras trans, obtidas por meio de um processo químico, são transformadas em gordura sólida e aumentam os níveis LDL e diminuem o bom colesterol (HDL).
Os diferentes tipos de gordura
Saturadas: relacionadas ao aumento de problemas cardíacos, as gorduras saturadas são encontradas em alguns produtos de origem vegetal, além de carnes, embutidos, bacon, manteiga, queijos gordurosos.
Insaturadas: divididas em monoinsaturadas (azeite, abacate, óleos de canola, girassol) e poli-insaturadas (peixes ricos em ômega-3, soja, grãos), esses dois tipos de gordura têm efeito positivo para a saúde. Embora sejam consideradas do bem, devem ser consumidas moderadamente, pois, como todas as gorduras, são ricas em calorias.
Trans: usadas pela indústria de alimentos para garantir o sabor e a textura de pipoca de micro-ondas, batatas fritas, sorvetes, biscoitos recheados, são muito ruins à saúde cardiovascular. Leia o rótulo para identificar sua presença. Caso conste na lista qualquer tipo de gordura vegetal hidrogenada, é possível que exista alguma quantidade de gordura trans no alimento.