O estresse eleva a produção de glóbulos brancos, células do sistema de defesa que, em excesso, prejudicam a circulação do sangue nas artérias
De acordo com uma pesquisa feita na Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, o estresse pode levar a um infarto. A pesquisa mostrou que situações estressantes provocam uma produção excessiva de glóbulos brancos no organismo e essas células fazem parte do sistema imunológico que, em excesso, podem se acumular nas paredes das artérias, reduzindo o fluxo sanguíneo e favorecendo a formação de coágulos – elevando, assim, o risco de doenças cardiovasculares.
Durante o estudo, foi encontrado uma forte relação entre o estresse e os níveis de células do sistema imunológico. Segundo os resultados, o estresse ativa células-tronco da medula espinhal, que por sua vez levam a uma produção acima do normal de glóbulos brancos. Segundo o cardiologista e especialista em infarto do HCor (Hospital do Coração), Dr. Leopoldo Piegas, os problemas clínicos associados ao estresse que costumam aparecer primeiro são cansaço e desânimo, fadiga constante, dificuldades de concentração, comportamento explosivo e irritabilidade. Além deles, sintomas comuns quando o nível de estresse profissional é grande incluem depressão, transtornos de ansiedade, hipertensão, entre outros.
Quando há crise de estresse, a pessoa pode ter ainda sintomas parecidos aos de um infarto, como falta de ar, coração acelerado e transpiração excessiva. “Caso esses sintomas apareçam pela primeira vez, o paciente deve ir imediatamente a um hospital para avaliar se é um infarto, especialmente se ele tiver fatores de risco como diabetes, histórico familiar de doenças cardiovasculares, fumo, hipertensão, má alimentação e sedentarismo. Nesse caso, os sintomas podem se prolongar para dor no peito, no braço esquerdo, costas, mandíbula e estômago”, esclarece Dr. Piegas.
Estresse e infarto: Dr. Piegas aconselha também sobre a importância de remédios que ajudam a reduzir o risco de infarto, como os de pressão alta, os anticoagulantes e as estatinas (para o colesterol). Nesse último caso, o medicamento diminui a quantidade de colesterol na corrente sanguínea e evita que se formem placas de gorduras na artéria. Porém, as estatinas não eliminam as placas que já existem, apenas reduzem a inflamação que elas causam, abrindo maior espaço para o fluxo de sangue.
“É importante ainda que, para reduzir o risco de infarto o paciente seja o mais ativo que puder e faça atividade física regularmente. Isso porque, além de reduzir o estresse, ao se exercitar, o músculo cardíaco se fortalece e produz novas redes de circulação do sangue, criando caminhos alternativos caso a pessoa tenha um ataque cardíaco”, explica Dr. Piegas.
Dicas do cardiologista do HCor para prevenção do infarto:
Hábitos alimentares corretos ajudam a fortalecer o sistema imunológico e, consequentemente, tornam uma pessoa menos vulnerável ao estresse e seus efeitos. A vitamina C e os alimentos ricos em zinco, como as amêndoas, são aliadas da imunidade;
Dormir bem é outra maneira de melhorar a qualidade de vida e o bem-estar, diminuindo o cansaço e aumentando a disposição para trabalhar. O sono adequado, ou seja, de oito horas diárias, ajuda uma pessoa a ser mais forte em frente ao estresse e melhora a memória e raciocínio;
O bem-estar e a qualidade de vida também dependem do exercício físico. Eles melhoram a disposição de um indivíduo e o tornam mais forte para enfrentar situações de estresse. O ideal é a prática de 30 minutos de qualquer atividade ao menos três vezes na semana;
Pode ser difícil encontrar formas de lidar com o estresse, mesmo sabendo o motivo pelo qual ele existe e quais são as suas consequências. Por isso, o auxílio de um profissional pode ser fundamental para que o estresse permaneça distante e não afete a sua vida;
Em situações de estresse, a defesa do organismo faz com que hormônios como a adrenalina e a noradrenalina sejam liberados, causando redução do calibre dos vasos sanguíneos, espasmos das artéria coronárias, aumento da pressão e da frequência cardíaca. São os chamados hormônios do estresse.