Segundo dermatologista do HCor, sintomas da doença podem piorar bastante nessa época do ano. Por isso, é importante que os pais conheçam os cuidados necessários para evitar que sinais como coceira e manchas vermelhas na pele evoluam para vergões, feridas e até sangramentos
Embora seja bem comum entre crianças e adultos, a chamada dermatite atópica (alérgica) é ainda mais frequente na infância, já que costuma aparecer por volta dos três meses de idade e, em 60% dos casos, desaparecer até os doze. Responsável por provocar coceira e deixar a pele seca, sensível, com manchas vermelhas ou toda empipocada, a doença costuma ter os seus sintomas potencializados pelo inverno. “Por isso, é importante que, diante destes sinais, os pais levem os filhos a um dermatologista para confirmar a presença do problema, principalmente, nesta época do ano. Caso positivo, é fundamental que eles conheçam todos os cuidados necessários para evitar que pequenos sintomas evoluam para vergões, feridas e até sangramentos, conforme a criança se coça ou tem contato com superfícies que podem irritar a sua pele”, diz a Dra Keila Mitsunaga, dermatologista da Unidade Avançada Cidade Jardim do HCor – Hospital do Coração.
A Dra Keila explica que as baixas temperaturas que caracterizam o inverno provocam um ressecamento natural da pele. Nesta estação, também é comum que as pessoas tomem banhos ainda mais longos e quentes para escapar do frio. Tal atitude, por sua vez, desencadeia um processo de desgaste da camada de gordura – denominada manto hidrolipídico – que protege a pele, tornando-a ainda mais suscetível não só à ação de fungos e bactérias, mas também à ocorrência de diferentes tipos de reações alérgicas. “A soma de todos esses fatores é justamente o que potencializa os efeitos da dermatite atópica nas crianças no inverno”, acrescenta a Dra Keila. “Vale lembrar, que esta é uma doença genética de difícil tratamento, muito diferente das irritações ocasionais comuns na infância. Por isso, o cuidado com ela deve ser sempre redobrado, ainda mais nesta época do ano”, ressalva a médica.
Para auxiliar os pais a prevenir o agravamento dos efeitos da dermatite atópica no inverno, a Dra Keila tem algumas dicas:
Evite banhos muito quentes e longos – Ter atenção com a temperatura e a duração banho é ainda mais importante, quando o clima é frio. Por isso, em casos de dermatite atópica é recomendável que a criança seja banhada em água morna por menos de 10 minutos. Além disso, os sabonetes devem ser sempre de origem vegetal, sem elementos químicos – como corantes e conservantes – e utilizados apenas nas mãos, pés e genitais. “Usar bucha ou esfregar a toalha com força na pele da criança na hora de secá-la são medidas proibidas. Tudo precisa ser feito com cuidado para não causar irritação”, orienta a dermatologista do HCor.
Contenha coceiras – Crianças com dermatite atópica têm crises constantes de coceira. Porém, quanto mais ela se coçar, mais vontade terá de esfregar a pele que, por sua vez, ficará cada vez mais machucada. “Por isso é essencial que os pais ensinem os filhos a manterem o auto-controle e jamais descuidem da terapia prescrita pelos médicos”, afirma a Dra Keila.
Comprometa-se com tratamento – Para controlar ou mesmo curar a coceira e a irritação trazida pela doença, o auxílio médico é imprescindível. Mas não só isso. A família precisa se comprometer totalmente com o tratamento da criança. “Além de administrar com muito rigor e disciplina o uso de diferentes medicamentos prescritos pelo médico, como antialérgicos, pomadas e cremes hidratantes, os pais precisam manter o ambiente sempre limpo, além de evitar cobertores de pelo ou bichos de pelúcia que sempre acumulam poeira, ácaros, entre outros microorganismos nocivos à pele”, revela a médica.
Mantenha a hidratação – Um dos principais motivos para as crises geradas pela dermatite atópica é o ressecamento da pele. Portanto, é indispensável manter o corpo hidrato para diminuir os efeitos da alergia. Além de cuidar para que haja uma ingestão frequente de líquido, os pais devem passar hidrantes nos filhos constantemente, principalmente após o banho. “De preferência que sejam produtos específicos para a pele alérgica e sem fragrâncias artificiais, já que as marcas desse tipo são menos alergênicas”, acrescenta.
Cuide do vestuário – Outro grande responsável por desencadear os efeitos alérgicos da doença, é a sensibilidade da pele ao contato com materiais que podem irritá-la. Por isso, é importante sempre adotar tecidos 100% algodão no lugar de lãs e fibras sintéticas. E isso tanto para as crianças, quanto para quem entra em contato com elas. “Outra medida importante é utilizar pouco sabão em pó na lavagem das roupas e evitar amaciantes, entre outros produtos do gênero”, recomenda. “Também não é saudável o uso de trajes apertados ou colados ao corpo já que, abafam a pele e aumentam a produção de suor que também causa irritação, quando acumulado”, alerta.
Observe a alimentação – Não há relação da dermatite atópica com a alimentação. Porém, caso a criança sinta algum tipo de irritação, após o consumo de um determinado tipo de alimento, é importante encaminhá-la para confirmar se ela também é alérgica ao que comeu. “Existem casos em que os pequeninos podem apresentar não só dermatite atópica, mas também algum tipo de alergia alimentar”, alerta a médica. “Embora cause incômodos, a dermatite atópica pode ser tratada e até revertida, desde que os devidos cuidados sejam tomados. Por isso, o comprometimento dos pais é indispensável para o bem-estar das crianças neste inverno e no restante do ano”, conclui a dermatologista do HCor.