A dor na lateral da barriga ao fazer exercícios físicos pode ser sintoma de diversas causas, desde as mais simples como gases até as mais complexas que podem envolver um tratamento cirúrgico.
Quem corre, joga futebol, basquete ou faz outro tipo de exercício físico mais intenso já deve ter sentido ao menos uma vez na vida a famosa dor na lateral da barriga, uma pontada repentina que nos obriga a diminuir o ritmo ou até interromper o exercício físico. Mas o que é isso?
Especialistas explicam que a dor de lado – conhecida também como dor no flanco ou dor abdominal transitória relacionada ao exercício físico – tem diversas causas, mas uma coisa é consenso: a fisgada geralmente ocorre quando o esforço da atividade física está perto do limite do seu condicionamento.
Principais Causas
Esse incômodo físico foi muito estudado nos últimos anos e pode ser provocado por mais de um motivo. Uma das possíveis razões para a dor na lateral da barriga seria a fadiga do diafragma, principal músculo respiratório. “A teoria mais aceita é a redução do aporte de sangue que chega ao diafragma, causando uma fadiga precoce nele e, consequentemente, a dor local”, diz Diego Leite de Barros, fisiologista do Hospital do Coração em São Paulo – HCor e diretor da DLB Assessoria Esportiva.
É importante deixar claro que, apesar de o diafragma ser um músculo respiratório, dificilmente a dor na lateral da barriga é gerada devido ao jeito que você respira durante o treino. O desconforto é mais comum em sedentários ou pessoas que estão iniciando na atividade física, que acabam se submetendo a um esforço acima da sua capacidade física.
Também existe a hipótese de que problemas posturais durante o exercício físico, gerados principalmente pela falta de força no core (abdome, lombar e quadril), provoquem o desconforto. “O diafragma seria prejudicado em sua função de músculo respiratório pela deficiência na ativação da musculatura lombar”, explica Barros.
A dor no flanco também pode estar relacionada ao baço. “O órgão necessita de uma grande quantidade de sangue, que no momento do exercício é direcionado para os músculos e outras regiões”, explica o educador físico Nelson Evêncio, presidente da Associação de Treinadores de Corrida de São Paulo.
Quando o fluxo sanguíneo no baço não é suficiente, pode ocorrer uma distensão: “Ligamentos e fibras lisas que sustentam o baço e o fígado entram em fadiga precocemente e se friccionam, resultando na dor”, diz Simone Puglielli Lotito, educadora física e doutora em ciências da fisiologia pela Unicamp.
Outro fator que contribui para esta dor é a ingestão de líquidos ou alimentos de difícil digestão muito perto da hora do treino. Motivo: eles ficam “parados” no estômago e podem criar uma resistência para o trabalho do diafragma.
Tem solução? Sim!
Quanto mais bem condicionado você estiver, maior o grau de segurança para não sentir o desconforto. Na hora da pontada, a saída é diminuir o ritmo ou parar. O incômodo logo desaparecerá. “Para evitar que a situação se repita, melhore seu preparo físico, principalmente se exercitando em intensidades mais baixas”, indica Evêncio.
Para Leite de Barros, a melhor estratégia de evitar a dor é seguir um programa de treino adequado ao seu preparo físico, com intensidade e volume que o corpo pode suportar. “Quando trabalhamos dentro dos nossos limites, as dores e os incômodos são menos frequentes e nossa progressão e desempenho físico são mais lineares e seguros.”
Também vale a pena dar uma atenção especial ao que se come e bebe antes dos treinos. “Uma alimentação leve e sem fibras pode ajudar a evitar que o estômago cheio comprima o diafragma”, complementa Lotito.