As chances de uma pessoa sofrer um AVC aumentam com a maior ingestão de gorduras trans. Isto ocorre devido ao acúmulo de colesterol nos vasos sanguíneos, que culmina com todo um processo inflamatório, a aterogênese, que forma a placa de ateroma; a presença da placa de ateroma aumenta o risco de infarto e AVC
Uma ingestão elevada de gorduras trans aumenta o risco de acidente vascular cerebral (AVC) em mulheres. Esta é a conclusão principal de um estudo que incluiu mais de 87 mil mulheres menopausadas. Os autores do estudo foram os pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. As mulheres que consumiram as maiores quantidade de gorduras trans apresentaram um aumento de 39% no risco relativo de um AVC, quando comparadas com aquelas que consumiram as menores quantidades.
O risco relativo de AVC entre as mulheres que consumiram grandes quantidades de gorduras trans foi ainda maior entre aquelas que não eram usuárias de aspirina, ou seja, 69%. A aspirina (ácido acetilsalicílico) é um antiagregante plaquetário utilizado para prevenir complicações cardiovasculares, como o AVC e o infarto do miocárdio (ataque cardíaco).
O cardiologista e coordenador do Programa de Infarto Agudo do Miocárdio do HCor (Hospital do Coração), Dr. Leopoldo Piegas, esclarece que não há consenso em relação à quantidade máxima permitida na dieta. No entanto, recomenda-se que a ingestão de gordura trans deva ser menor que 1% das calorias totais da dieta “As gorduras trans aumentam o LDL (colesterol ruim) e reduzem o HDL (colesterol bom). A principal fonte de gordura trans na dieta é a gordura vegetal hidrogenada, utilizada no preparo de sorvetes cremosos, chocolates, pães recheados, molhos para salada, sobremesas cremosas, biscoitos recheados, alimentos com consistência crocante (nuggets, croissants, tortas), bolos industrializados, margarinas duras e alguns alimentos produzidos em redes de fast-foods”, explica Dr. Piegas.
Maior risco de infarto e AVC: as chances de uma pessoa sofrer um acidente vascular cerebral aumentam com a maior ingestão de gorduras trans. Isto ocorre devido ao acúmulo de colesterol nos vasos sanguíneos, que culmina com todo um processo inflamatório, a aterogênese, que forma a placa de ateroma. “A presença da placa de ateroma aumenta o risco de infarto e AVC, pois pode diminuir o fluxo de sangue nos vasos sanguíneos ou mesmo bloquear o fluxo sanguíneo em caso de rotura da placa, reduzindo a oxigenação para importantes órgãos do corpo, como o coração, e ocasionar o AVC.
Reduz o colesterol bom e aumenta o ruim: a gordura trans aumenta o LDL (colesterol ruim) devido à supressão das atividades de seu receptor no fígado. Isto faz com que o LDL continue circulando no organismo, além de elevar o risco da doença arterial coronariana pelo depósito do colesterol na parede do vaso sanguíneo. “Estudos científicos citam que após os 20 anos de idade, o receptor de LDL já diminui sua eficiência, assim como em mulheres no período pós-menopausa. O colesterol HDL, conhecido como o bom colesterol, porque auxilia na remoção das moléculas de colesterol dos vasos sanguíneos, é reduzido com a ingestão da gordura trans”, esclarece o cardiologista.
Quantidade recomendada: não há recomendação de ingestão diária de gordura trans. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta que o consumo máximo desse tipo de gordura deve ser menor do que dois gramas por dia. Segundo a OMS, um consumo de cinco gramas de gordura trans por dia aumenta em 23% o risco de doenças coronarianas. O seu corpo pode dar sinais de que você está abusando das gorduras trans. Seus marcadores bioquímicos cardiovasculares podem estar alterados, como o perfil lipídico. Por isso, é primordial um acompanhamento regular e a realização de exames periódicos, para evitar ao máximo a ingestão de alimentos que contam com a gordura trans”, alerta Dr. Piegas.
Alimentos ricos em gordura trans e como evitá-los: as gorduras trans podem ser encontradas em diversos alimentos. Elas são adicionadas com o intuito de prolongar a duração dos produtos e melhorar a consistência e a aparência. Alguns exemplos de alimentos que possuem a gordura trans são as margarinas sólidas ou cremosas, recheios de biscoitos, salgadinhos de pacote e congelados, como salgadinhos de festa, ou pizza congelada, pastéis, macarrão instantâneo, sopas e cremes em pó, coberturas, sorvetes, pães, alimentos pré-assados ou fritos, bolos, tortas, pipoca de micro-ondas, dentre outros alimentos industrializados.
Uma dica para evitar a gordura trans é comprar os produtos frescos e realizar a preparação e o processo de congelamento, se necessário, em casa. A verificação do rótulo do produto é fundamental para escolher aqueles com menor conteúdo de gordura trans. É importante ficar atento à lista de ingredientes, nomes como gordura hidrogenada e gordura parcialmente hidrogenada.