O câncer de ovário acomete cerca de 1,3% das mulheres, ao longo da vida. No Brasil, são esperados mais de 7 mil casos novos por ano, entre 2023 e 2025.
Aproximadamente 95% dos casos acontecem na superfície do ovário, chamado de câncer epitelial, e ocorre, em geral, por volta dos 60 anos de idade. Os outros 5% ocorrem no “miolo” do ovário, denominados tumores de células germinativas, e costumam surgir antes dos 30 anos. Neste texto, abordaremos o mais frequente.
Quando há alteração genética que predisponha ao câncer de ovário epitelial, há um aumento da chance de desenvolvê-lo durante a vida, além da tendência a ocorrer mais cedo que o habitual. As alterações mais frequentes ocorrem nos genes BRCA1 e BRCA2, e estão presentes em aproximadamente 15% de todas as pacientes que desenvolvem a doença.
Sempre que possível, as portadoras do câncer epitelial do ovário devem ser testadas para as alterações genéticas, ao menos nestes genes. Assim, é possível orientar seus familiares, principalmente filhos e filhas, sobre o risco de desenvolverem tumor (não somente de ovário), visando a prevenção e o diagnóstico precoce.
Além das alterações genéticas, há outros fatores de risco: a endometriose e um longo intervalo entre a primeira e a última menstruações (por exemplo: um caso de primeira menstruação aos 12 anos e última aos 52, totalizando 40 anos de ciclos ovulatórios, proporciona o aumento de risco do câncer).
Embora diversos métodos estejam em pesquisa, o diagnóstico precoce do câncer de ovário é difícil, já que os exames utilizados atualmente (exame clínico, CA125 no sangue e ultrassonografia transvaginal) não conseguem, na maioria das vezes, fazer a detecção em estágios iniciais. Os sintomas deste câncer não são muito característicos, já que podem estar presentes em diversos outros problemas de saúde, o que dificulta o diagnóstico. Porém, deve-se estar aos sintomas persistentes ou aos que pioram com o tempo, sendo alguns deles:
• Estufamento do abdome;
• Náuseas;
• Perda do apetite;
• Alterações do ritmo intestinal;
• Sangramento vaginal inexplicado.
Quando há suspeita da doença, é fundamental a realização de exames de imagem, sendo a tomografia e a ressonância os principais métodos utilizados. No entanto, é necessária a confirmação do diagnóstico por meio da análise de tecido ovariano que, em geral, é obtido pela cirurgia. Se confirmado o diagnóstico, a dosagem de CA125 no sangue será importante para o acompanhamento pós-tratamento.
O tratamento pode ser feito com cirurgia e/ou medicamentos, e o momento de utilizar cada um dependerá do estágio na apresentação do tumor, que determinará se a cirurgia será ou não a única modalidade, se ela ocorrerá antes ou após os medicamentos, ou mesmo se não haverá cirurgia. Dentre os medicamentos, a quimioterapia ainda é indispensável na maioria dos casos, enquanto as terapias-alvo são cada vez mais utilizadas no arsenal terapêutico. A imunoterapia serve apenas para alguns casos selecionados.
A importância de alguns hábitos é reconhecida para prevenir ou diagnosticar precocemente o câncer de ovário:
• Manter uma alimentação saudável, rica em vegetais e com pouca carne vermelha;
• Realizar atividade física regular, sobretudo aeróbica (corrida, caminhada, pedalada etc.);
• Realizar regularmente exames preventivos com a frequência indicada. Além disso, não deixe de conhecer os problemas de saúde no histórico familiar ou presentes em parentes. Caso tenha conhecimento de algum, informe ao médico.
Artigo por
Dr. Andre Formozo