Novembro Azul e importância da saúde do homem
Novembro Azul e importância da saúde do homem
O mês de novembro é dedicado a relembrar a população sobre a importância dos cuidados com a saúde do homem e de conscientização sobre o câncer de próstata, que é o segundo câncer mais comum entre os homens, ficando atrás apenas do câncer de pele. Estima-se que em 2022 teremos ao redor de 65 mil novos casos.
A boa notícia é que quando diagnosticado ainda em fase inicial, isto é, restrito aos limites da próstata, a probabilidade de cura fica acima de 90%. A idade ideal para iniciar o check-up pode ter uma pequena variação. Em geral, o recomendado é que homens comecem a realizar os exames a partir dos 50 anos. No entanto, caso haja histórico da doença em parentes de 1º grau, recomendamos antecipar para 40-45 anos. Da mesma forma, indivíduos da raça negra devem se preocupar mais precocemente também.
No check-up de próstata, o médico pode solicitar três exames: dosagem sérica do PSA (um biomarcador específico da próstata), exame de toque prostático e, eventualmente, ressonância multiparamétrica. Habitualmente, a neoplasia de próstata não apresenta sinais em uma fase inicial. Por isso, é importante ressaltar aos pacientes que a ausência de sintomas não exclui a possibilidade de ser portador dessa doença. Apenas com os exames é que torna-se possível avaliar adequadamente e descartar a neoplasia.
Havendo suspeita a partir do check-up realizado, o médico solicita a biópsia da próstata para verificar se existe malignidade. Uma vez diagnosticado o câncer, outros exames definem o estágio da doença. Atualmente, existem excelentes opções de tratamento para todos estes estágios. O avanço tecnológico e o melhor conhecimento da anatomia prostática resultaram em cirurgias menos mórbidas, com menores complicações e ótimos resultados oncológicos-funcionais. A radioterapia também passou por uma grande evolução e apresenta bons resultados com poucas complicações. Hoje, contamos com uma grande variedade de medicamentos eficientes, principalmente para doenças mais avançadas.
O Hcor dispõe de Serviços de Urologia, Oncologia e Radioterapia compostos por especialistas totalmente preparados para cuidar da saúde masculina em geral e realizar o check-up prostático e tratar casos de câncer diagnosticados. O laboratório Hcor e o Centro de Diagnóstico por Imagem são completamente equipados para realizar os exames complementares necessários.
O que a literatura médica fala sobre campanhas de rastreamento do câncer de próstata?
O rastreamento do câncer de próstata (CaP) é um tema que permanece controverso, apesar de mais de duas décadas de pesquisas. Desde o início da utilização do antígeno prostático específico (PSA) na prática clínica, na década de 1990, a mortalidade do CaP diminuiu cerca de 50% e acredita-se que 45 a 70% desta redução possa ser atribuída a políticas de rastreamento, diagnóstico e tratamento precoce. Por outro lado, o rastreamento indiscriminado e populacional pode provocar malefícios, pois leva à realização de biópsias prostáticas eventualmente desnecessárias, com seus possíveis efeitos-colaterais, como infecção e sangramento, além de propiciar o sobrediagnóstico e sobretratamento do CaP, nos quais tumores clinicamente não significativos são diagnosticados e tratados, talvez sem nenhum benefício ao paciente e causando potenciais efeitos negativos do tratamento, como incontinência urinária, disfunção erétil e consequente piora na qualidade de vida.
Alguns estudos como o US Preventive Services Taskforce (USPSTF), o PLCO (Prostate, Lung, Colorectal, and Ovarian Cancer Screening Trial) e ERSPC (European Randomized study of Screening for Prostate Cancer) estudaram este assunto.
Referente a conclusão destes estudos, pelo fato de que 90% dos tumores diagnosticados recebiam tratamento cirúrgico ou radioterápico, inferiram que os malefícios do rastreamento seriam, em última análise, os malefícios da biópsia necessária para se fazer o diagnóstico, acrescidos àqueles do tratamento (óbito, eventos cardiovasculares, incontinência urinária e disfunção erétil). Por estas razões, foi emitido o parecer contrário ao rastreamento do CaP em 2012.
Posteriormente, as consequências desta recomendação começaram a ser publicadas. Houve substancial redução do rastreamento por meio de PSA em todas as faixas etárias, acompanhado de declínio da solicitação de biópsias e diminuição da incidência de CaP, com tendência a se diagnosticarem doenças de grau e estádio mais avançados. Concomitantemente, notou-se maior incidência de doença metastática ao diagnóstico. Estes achados são preocupantes, pois impedem que o diagnóstico precoce e tratamento adequado sejam realizados, fazendo com que principalmente homens jovens com doença clinicamente significativa e potencialmente fatal não se beneficiem do rastreamento.
Consequentemente, houve uma atualização em relação ao rastreamento do CaP e sugerido que este deve ser individualizado, sendo recomendado que os médicos informem seus pacientes sobre os potenciais benefícios e inconvenientes causados pelo uso do PSA para o diagnóstico do CaP. O sobrediagnóstico e o sobretratamento citados anteriormente estão associados às complicações do tratamento desta neoplasia, como incontinência urinária e disfunção erétil (grau de recomendação C). Para diminuir o sobretratamento é fundamental que, de uma vez por todas, dissocie-se o diagnóstico do CaP de seu tratamento ativo. Cirurgia e/ou radioterapia devem ser oferecidas para homens com tumores de risco intermediário e alto risco. Na maioria dos casos de CaP de baixo risco, a opção preferível é a vigilância ativa. O rastreamento indiscriminado pode trazer malefícios, mas o não rastreamento certamente acarretaria em piora da sobrevida. A nova recomendação da US Preventive Services Task Force (USPSTF) sugere que uma decisão compartilhada entre médicos e pacientes seja tomada após elucidação dos riscos e benefícios do rastreamento. Ainda é necessário que fatores não abordados nesta recomendação, como raça, histórico familiar e homens abaixo de 55 anos ou acima de 69 anos, sejam reavaliados para que, idealmente, seja possível propor um esquema individualizado de rastreamento para CaP, com base no risco de cada paciente. Vale ainda ressaltar que as recomendações da Sociedade Brasileira de Urologia diferem da americana, sendo o rastreamento recomendado para todos os homens com idade superior a 50 anos e naqueles com fatores de risco (histórico familiar, negros e/ou obesos) deve se iniciar aos 40-45 anos.
Médicos responsáveis:
Dr Antonio Corrêa Lopes Neto – Líder Médico da Urologia hcor
Dr Alexandre Saad Pompeo – Urologista do Serviço de Urologia – Núcleo de Uro-Oncologia hcor