A saúde mental é um assunto que vem sendo cada dia mais discutido no trabalho, durante um jantar com a família ou em um encontro com os amigos. Com o crescente acúmulo de atividades diárias, percebeu-se que é preciso dar atenção especial à saúde da mente. Nesse contexto contemporâneo, muitas pessoas sofrem com ansiedade, depressão, crises de pânico e, às vezes, precisam tomar medicamentos contínuos para amenizar esses sintomas e levar uma vida com um pouco mais de qualidade.
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Relacionada aos ambientes de trabalho, uma doença que vem ganhando destaque nos últimos anos é a Síndrome de Burnout. Essa doença manifesta-se por um esgotamento mental ligado a períodos estressantes de trabalho, alta demanda de serviço, poucos colaboradores, pressão de chefe e diretores, excesso de ligações diárias etc.
Você já ouviu falar da Síndrome de Burnout? Que tal conhecer um pouco mais sobre ela e tirar suas dúvidas?
Síndrome de Burnout: o que é ?
A Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional, é uma doença mental que surge após o indivíduo passar por situações de trabalho desgastantes, ou seja, que requerem muita responsabilidade ou até mesmo excesso de competitividade. Essa síndrome surge por excesso de trabalho vinculado à pressão. Alguns profissionais são mais suscetíveis a desenvolver a Síndrome de Burnout, tais como: médicos, enfermeiros, professores, policiais e jornalistas, além de profissionais que desempenham dupla ou tripla jornada.
Entre os motivos para o surgimento da Síndrome de Burnout, objetivos difíceis de serem alcançados impostos por chefes aos seus colaboradores também ganham destaque. Muitas vezes, a pessoa pode não ser capacitada para tal função ou já estar desempenhando outras atividades, e isso pode impedir o cumprimento de demandas solicitadas. A pessoa se sente, então, sobrecarregada e, ao mesmo tempo, incapaz, pois deseja realizar o que lhe é proposto, mas não tem meios para isso.
O termo “Burnout” vem do inglês e é uma união de duas palavras: “burn”, que quer dizer queimar, e “out”, que significa exterior. Então, a Síndrome de Burnout pode ser caracterizada como uma queima de fora para dentro, ou seja, fatos externos que causam muita pressão no interior, na mente. Ela pode resultar em graves estados depressivos e episódios de ansiedade, por isso, como veremos no decorrer deste texto, a prevenção é muito importante.
A Síndrome de Burnout em números
A preocupação com a saúde mental dos profissionais inseridos no mercado de trabalho, seja de qual segmento for, não vem de hoje. Em 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) inseriu a exaustão relacionada ao ambiente de trabalho no documento de referência de doenças utilizado pela entidade, o ICD-10. A Síndrome de Burnout se enquadra na categoria “problemas relacionados à dificuldade de gestão de vida”.
Ainda de acordo com a Organização Mundial da Saúde, os problemas relacionados à saúde mental no trabalho diminuem a produtividade, resultando na perda anual de US$ 1 trilhão no mundo.
De olho no Brasil
Em 2016, a Escola de Economia de Londres apresentou um estudo sobre a depressão no trabalho. De acordo com o levantamento, o Brasil perde US$ 63,3 bilhões por ano devido ao afastamento do trabalho por questões de estresse e depressão, ficando em segundo lugar no ranking mundial, atrás apenas dos Estados Unidos, onde o estresse no trabalho é um problema de saúde pública.
Ainda sobre o Brasil, a Associação Internacional de Gestão de Estresse estima que 32% dos profissionais do país sofram com o esgotamento no ambiente de trabalho. Esse valor é superior a 1/3 do total de trabalhadores, os quais podem estar próximos de um colapso ou uma depressão.
Quais as causas dessa síndrome?
As principais causas da Síndrome de Burnout são o estresse crônico e a tensão emocional gerados no ambiente de trabalho por condições físicas, psicológicas e emocionais desgastantes. Essa doença mental está ligada ao trabalho e é derivada exclusivamente das situações que ocorrem no âmbito profissional.
Sintomas
Os sintomas que podem indicar a Síndrome de Burnout são muitos, e você não precisa sentir todos eles para ser diagnosticado. Na maioria das pessoas, os sintomas aparecem de forma leve e vão piorando com o passar do tempo. Os portadores da Síndrome de Burnout geralmente pensam que estão apenas cansados e que se trata de um mal-estar passageiro.
Mas, atenção: ao sentir um ou mais sintomas listados a seguir, procure ajuda especializada. Essa síndrome evolui muito rapidamente para casos severos de depressão e ansiedade. Atente-se se você estiver sentindo:
- exaustão extrema, física e mental;
- dor de cabeça frequente;
- alterações no apetite: sentir mais ou menos fome;
- insônia;
- sentimentos de fracasso e insegurança;
- dificuldades para se concentrar;
- pensamentos negativos constantes;
- sentimentos de derrota e incompetência;
- desânimo;
- alterações de humor;
- aumento da pressão arterial;
- dores musculares;
- isolamento;
- alteração dos batimentos cardíacos;
- problemas no sistema gastrointestinal (estômago e intestino).
Como prevenir a Síndrome de Burnout?
Para prevenir a Síndrome de Burnout, você deve definir estratégias para diminuir o estresse e a pressão no trabalho. Ninguém melhor do que você para escolher o modo como vai agir ao desempenhar suas atividades profissionais visando a prevenir a síndrome. Porém, apresentamos algumas formas de prevenção para que você possa analisar e, quem sabe, colocar em prática.
Dicas para prevenção de Burnout:
- Quando não estiver no trabalho, participe de atividades que lhe proporcionem prazer junto aos familiares e amigos. Que tal um piquenique no parque ou uma ida ao cinema?
- Defina pequenas metas para sua vida profissional e pessoal, mas se lembre de não exagerar nos objetivos, porque, caso isso aconteça, o efeito pode ser o contrário, pois você estará aumentando sua autocobrança.
- Evite estar com pessoas negativas e que falam mal do trabalho e de outras pessoas. Tente manter o pensamento positivo. Se não conseguir pensar positivo, ao menos tente diminuir as ideias negativas.
- Converse sobre seus sentimentos. Você pode desabafar com um amigo próximo ou procurar ajuda especializada por meio de psicólogos e terapeutas.
- Não abuse de álcool, tabaco ou outras drogas ilícitas, pois elas aumentam a confusão mental e fazem parecer que tudo está muito pior do que realmente está.
- Fuja da rotina diária. A rotina cansa e desgasta o ser humano, por isso faça atividades diferentes: vá a um restaurante novo, passeie por lugares que você gosta ou conheça novos lugares etc. Seja sozinho, seja acompanhado, com ou sem dinheiro, busque atividades que lhe proporcionem prazer e sejam diferentes do que você faz diariamente.
- Faça atividades físicas regulares ao menos 30 minutos por dia. Pode ser academia, corrida, natação, remo, enfim, busque a que mais gosta e mantenha-se em movimento.
- Descanse de verdade. Deite e durma as 8 horas necessárias que o seu corpo e a sua mente precisam para se recuperar e iniciar uma nova jornada.
- Nunca se automedique. Se você quer diminuir o estresse ou precisa dormir melhor, busque uma opinião médica. A automedicação pode piorar muito mais o seu estado clínico.
Fatores de risco
O grande fator de risco da Síndrome de Burnout é o estresse, pois com o passar do tempo ele pode se tornar crônico e trazer sérios problemas à saúde. Por isso, é muito importante estar alerta aos sintomas apresentados para, se necessário, procurar tratamento imediato. O cansaço, as dores, os lapsos de memória e os sentimentos negativos desenvolvidos por um paciente com Síndrome de Burnout não melhoram com o passar do tempo, é preciso tratamento especializado.
Diagnóstico
O diagnóstico será feito por um profissional da área da saúde mental, psiquiatra ou psicólogo, após a análise clínica do paciente. É comum as pessoas não buscarem ajuda por não saberem ou não conseguirem identificar os sintomas. A grande maioria pensa ser apenas um cansaço passageiro e ignora a gravidade da doença.
Familiares, amigos próximos e colegas de trabalho podem ajudar a identificar a Síndrome de Burnout. No Sistema Único de Saúde (SUS), a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) oferece de forma gratuita o tratamento, seja medicamentoso, seja por meio de consultas com psicólogo.
Tratamento
O tratamento para a Síndrome de Burnout deverá ser feito por um psiquiatra ou psicólogo. Indica-se que o paciente faça psicoterapia para poder identificar a causa geradora principal da síndrome e, assim, desenvolver mecanismos para vencê-la. Em casos mais severos, são indicados antidepressivos e ansiolíticos para que a pessoa possa se sentir melhor.
Não existe um período determinado para o tratamento. Esse tempo depende das possibilidades do paciente para modificar suas condições de trabalho e seu estilo de vida.
Para auxiliar no tratamento, indica-se a prática de atividades físicas, pois elas aliviam o estresse diário, colaborando para o controle dos sintomas. Se possível, também se indica que o paciente tire férias do trabalho e passe mais tempo com familiares e amigos.
Não segui o tratamento, e agora?
Ao receber o diagnóstico de Síndrome de Burnout, o ideal é seguir o tratamento indicado, pois, se isso não acontecer, os sinais de piora podem aparecer rapidamente. Dois sinais característicos do agravamento dos sintomas são: a perda total da motivação e o aumento dos distúrbios gastrointestinais.
Nos casos mais graves, o paciente pode desenvolver depressão e necessitar de internação hospitalar para ser acompanhado de perto.
Mantenha a calma no trabalho
Você precisa ter em mente que não vai conseguir abraçar o mundo todo ao mesmo tempo, seja em sua vida particular, seja no trabalho, e isso é perfeitamente normal. Não se cobre tanto. Se necessário, delegue algumas tarefas ou peça um tempo extra para executá-las. Mantenha o foco no que precisa ser feito, e não se martirize se algo der errado.
Claro que é preciso ser responsável com o trabalho, mas isso não deve justificar sobrecarga, pois para trabalhar bem também é preciso de saúde. É importante lembrar que estresse e nervosismo, além de reduzirem sua produtividade, vão colocar sua saúde em risco.
Portanto, reduza suas chances de desenvolver doenças mentais graves, como Síndrome de Burnout, depressão, ansiedade e crises de pânico, além de outros tipos de doenças, como as gastrointestinais e de coração.
Técnicas de relaxamento para diminuir o estresse
Além da psicoterapia e dos medicamentos, existem hoje muitas técnicas de relaxamento que podem ser utilizadas para diminuir o estresse. Vamos conhecer melhor algumas delas?
Meditação
A meditação é uma excelente técnica para deixar a pessoa mais calma. E o melhor: ela pode ser praticada em qualquer lugar, em qualquer horário. Enquanto você estiver meditando, você vai aumentar o seu bem-estar físico e emocional. Além disso, por meio da prática constante da meditação, sua concentração aumentará e os pensamentos confusos e pessimistas tenderão a desaparecer.
Prática de exercícios físicos
Praticar atividades físicas ao menos 30 minutos por dia é excelente para relaxar e diminuir o estresse. Se a atividade for praticada ao ar livre, melhor ainda. Utilize esses minutos diários para “arejar” seus problemas e, quem sabe, encontrar soluções. Muitas vezes, ao estar fora do ambiente de trabalho ou por estar um pouco mais relaxado, as ideias tendem a fluir mais facilmente. Se possível, evite as atividades competitivas, pois elas podem agravar o estresse. Opte por atividades aeróbicas.
Tire um tempo para você
Invista sua energia em atividades que lhe proporcionem prazer. Que tal um jantar com amigos? Ver um filme? Iniciar uma nova leitura? Faça coisas que deixem você feliz, relaxado e menos ansioso. Outra dica muito importante é: se deseja ficar sozinho, não aceite convites que podem lhe provocar ainda mais estresse.
Então, agora que você tem todas essas informações, qual técnica de relaxamento colocará em prática primeiro? Lembre-se de que o importante é diminuir o estresse e tentar mudar os hábitos no ambiente de trabalho, pode ser praticando meditação, frequentando a psicoterapia ou tomando medicamentos. Essas tarefas requerem atitudes e prática constante, e elas precisam ser executadas em prol de sua saúde e qualidade de vida.
A Síndrome de Burnout é muito perigosa, principalmente devido a outras doenças mentais que pode desencadear. Esperamos que a leitura deste texto tenha ajudado você a conhecer um pouco melhor a doença, seus sintomas, meios de prevenção, seu diagnóstico e suas formas de tratamento.
Para saber mais sobre essa e outras doenças, continue a leitura no nosso blog.