Galeria Médica

Veio ao mundo pelas mãos benditas de Benedita. Vínculo eterno. Mas foram Theodoro e Dorothéia, ou simplesmente Doro e Dora, seus incentivadores. Dos pais vieram duas paixões. Dele, a medicina. Dela, a música. Sons e acordes embalaram grande parte de sua juventude. Harmonia, melodia e ritmo o levaram ao Tartamudos. Até que sua outra paixão o convocasse por inteiro.

Foi para Sorocaba ao encontro da medicina. Mas sabia que voltaria a São Paulo, terra natal, para viver a cardiologia. E voltou em grande estilo. Estudou e atuou ao lado de símbolos maiores de sua especialidade. Foi exigido e aprendeu com cada um deles. Por aqui, fez de tudo. Pela medicina, pela cardiologia, pelos pacientes e pelo hospital.

Uma outra paixão foi se formando em meio à marcha da vida. Sua família. Raphael, Marcelo, André e Breno. Seus filhos. E Ieda. Seu suporte, sua incentivadora, sua inspiração. Seu grande amor.

Aquele coração de roqueiro, agora amansado, vive suas três paixões. Família, música e medicina. Com ritmo e harmonia. Sob os acordes de uma obra perfeita.

Filho de Elias e Suzana. Filho de Macaparana. Cidadão de São Vicente Ferrer e Timbaúba. Cidadão de Recife e de São Paulo. Acima de tudo, pernambucano. Com P maiúsculo. Um quase político que ganhou o mundo pela medicina. Desde sempre a medicina. Nunca foi dúvida. Era uma aposta sem erro.

Sua vocação o levou a São Paulo. E não veio só. Trouxe Pernambuco junto. Sua cultura tão viva e presente. Vieram as cores, os sons e os versos de Cícero e Vicente, Lula e Virgulino, Câmara e Samico. Também, Nóbrega, Antúlio e Getúlio. Jessier, Chico e tantos outros talentos de sua terra. Vieram aqueles que desde sempre vivem nele. Que trazem ainda mais vida a quem cuida de tantas.

Criou raízes por aqui. Elas deram frutos. Cinco rebentos. Cidadãos do mundo. Colheu sua Rosa. Forte e arretada como ele. Vive uma vida superlativa. Homem de patente. Capitão de seus sonhos. Médico de sabedoria, humanidade e arte.

Homem forte. Lá da terra do xaxado, terra do temido Virgulino. De Serra Talhada. Filho de Josefa e Eduardo, desde sempre sabia o que queria. Obstinado. Queria ser médico. Serra Talhada, Caruaru, Recife e São Paulo. Seu sonho não tinha limites.

Em Pernambuco tornou-se doutor. Turma da Federal. Um ano de residência e veio para São Paulo. Era para voltar. Ficou. Com sua mente aguçada e seu olhar clínico, desbravou a medicina. Contribuiu para transformá-la no que é hoje. E progrediu com ela. De doutor a livre-docente.

Decidido, sob sua tutela, embarcou em seu fusquinha, o carro da moda, os dois primeiros pacientes operados por aqui, precedentes de tantos e tantos milhares de outros. Atuou e testemunhou o início de uma história grandiosa. Da nossa história. História em favor da medicina. Em favor da vida.

A medicina, sempre ela, é viva nele. Indissociável à sua trajetória. Trajetória rica, fértil e forte. Forte como o menino determinado de Serra Talhada.

Sob o sol de Boquim, Sergipe, nascia um pequeno homem que se transformaria em um gigante. Bem cedo, aprendeu sobre perdas, quando seu pai se foi, vítima de tifo. João, irmão mais velho, tornou-se guia e apoio. Em Aracajú, despertou-se para medicina. Mas foi Salvador que o acolheu e transformou seu sonho em realidade. Todavia, seu destino era São Paulo.

Chegou à metrópole. Na primeira turma de residência do famoso Dante. Ao fim dos estudos, voltaria à Bahia. Impossível. Meily estava aqui. O amor fez com que São Paulo fosse sua morada. Vieram Marcelo, Simone, Ricardo e Marcos.

Pioneirismo foi sua marca. Milhares de crianças foram cuidadas por técnicas desenvolvidas por sua inquieta mente e abençoadas mãos. Desbravou a medicina e tornou-se um dos maiores do Brasil. Repercutiu no planeta. Em solo hermano, em frente a especialistas do mundo todo, foi reverenciado por suas proezas.

Hoje, por vezes, revive seus tempos de campo em sua Morada do Gigante. Por lá, seus dias ganham vida ao lado da terra, das flores e dos pássaros. E, claro, ao lado de Meily.