Saiba como deixar sua mente em boa forma
Atividades que exercitam a criatividade e a imaginação como pintura, leitura e jogos que exigem raciocínio e concentração, são alguns dos recursos para ativar a inteligência e prevenir doenças neurológicas
O cérebro é um órgão complexo. Ele coordena funções motoras, processa emoções, determina comportamentos e reúne a percepção que temos do mundo para formar nossas memórias. Por estar ligado ao corpo todo, a saúde e longevidade desse órgão dependem do nosso estilo de vida.
Quem cuida do coração já atende a boa parte das necessidades do cérebro. A maioria dos hábitos recomendados para prevenção de doenças cardiovasculares traz benefícios comprovados à mente. Atividade física regular, controle de peso e alimentação balanceada estão entre as principais indicações e são cuidados que se potencializam quando praticados juntos.
Exercícios e dieta ajudam a controlar o peso que, em excesso, aumenta o risco de hipertensão e de acúmulo de gordura nos vasos sanguíneos. Essas são duas causas frequentes de acidente vascular cerebral (AVC), doença que causa 18,4 mortes para cada 100 mil habitantes no país por ano, seja pelo rompimento ou pela obstrução do vaso sanguíneo. “Exercícios também evitam microtrombos, que podem reduzir a capacidade cerebral”, alerta a equipe de neurologia do HCor.
Já a dieta balanceada, além de controlar o peso, ela fornece a combinação de nutrientes necessária ao funcionamento do cérebro. Alguns nutrientes merecem atenção especial, como o ômega-3, que traz benefícios à memória e pode ser encontrado em alimentos como salmão, atum, sardinha, soja e linhaça.
Tais hábitos saudáveis, aliados a tantos outros, reduzem o declínio das funções cerebrais. Contudo, o neurocirurgião ressalta que esse declínio é natural e faz parte do envelhecimento do organismo.
A aposentadoria não deve ser vista simplesmente como um período de descanso, e sim como uma época de planos profissionais ou pessoais em outro ritmo
Planos de vida
Médicos de diversas especialidades recomendam ter planos para todas as etapas da vida. “A aposentadoria não deve ser vista simplesmente como um período de descanso, e sim como uma época de planos profissionais ou pessoais em outro ritmo, principalmente agora que a expectativa de vida tem aumentado “, ressalta a equipe de neurologia do HCor.
A ausência de ocupações, em muitos casos, favorece a depressão, que tem avançado e já atinge 5% da população mundial, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Estudos mostram que as pessoas deprimidas apresentam menor resistência aos ataques cardíacos e às doenças vasculares.
Mesmo sem ambições profissionais, a pessoa pode buscar ocupações que sejam simplesmente prazerosas, como pintura, cursos de jardinagem, artesanato, artes, viagens e outros assuntos que lhe desperte interesse e enriqueçam seu desejo de viver. “Os hobbies beneficiam o humor e ajudam a preservar as conexões entre os neurônios (células do cérebro). Com o envelhecimento, os neurônios tendem a hipotrofiar ou desaparecer”, afirma a equipe de neurologia do HCor.
Mente ativa
É possível desenvolver a inteligência, basta manter a mente ativa. Qualquer atividade que exija das funções cerebrais traz esse benefício, como muitos estudos têm mostrado. “A nossa capacidade de integrar conhecimentos está relacionada à atividade constante da rede neural, que é mais capaz e ativa quando exercitada”, explica a equipe de neurologia do HCor.
Na prática, exercitar o cérebro significa buscar mais conhecimento e novos usos das funções estabelecidas. “Procure desenvolver novas capacidades, como falar uma nova língua”, recomenda a equipe de neurologia do HCor.
“Dirigir um carro, por exemplo, se torna algo tão arraigado com o tempo que nos sentimos confiantes para desenvolver tarefas paralelas enquanto dirigimos”, observa a equipe de neurologia do HCor. Embora não recomendado, porque dirigir é uma tarefa dinâmica e pode exigir reflexos não previstos, esse padrão demonstra como a mente pode se acomodar diante de tarefas recorrentes. Para ganhar inteligência, no exemplo da direção, podemos estimular a mente com novos caminhos ou com uma observação mais atenta do que se passa enquanto dirigimos.
A leitura é outro excelente exercício para a mente. Ela estimula a criatividade, a imaginação e trabalha a habilidade linguística. “Traz mais benefícios à mente do que ver televisão”, compara o neurocirurgião.
a equipe de neurologia do HCor ainda cita outras atividades que podem estimular o cérebro, como jogar xadrez ou videogame. Ambas, além de representarem um desafio intelectual, também podem proporcionar mais contato com outras pessoas, elemento importante para se manter estimulado e motivado. Em contrapartida, o isolamento pode favorecer a queda de funções cerebrais e a depressão.
Três benefícios dos exercícios
O cérebro precisa de oxigênio. Sozinho, esse órgão consome 20% da oxigenação fornecida ao corpo todo. O fluxo sanguíneo também é alto, podendo chegar a 15% do total. O exercício ajuda a manter as necessidades do cérebro em dia e pode até aumentar o envio de nutrientes. “Exercícios impulsionam o bombeamento de sangue ao cérebro e estimulam a liberação de químicos extasiantes, como as endorfinas, ligadas às sensações de bem-estar e de prazer”, descreve a equipe de neurologia do HCor.
Outro benefício está na prevenção de problemas vasculares. Com o aumento do fluxo sanguíneo, os microvasos do cérebro ganham um reforço para se manterem abertos. “O exercício ajuda a evitar obstrução dos pequenos vasos em decorrência da aterosclerose e do acúmulo de microcoágulos que ocorrem à medida que envelhecemos”, ressalta a equipe de neurologia do HCor.
A terceira contribuição está na memória. As atividades físicas são relacionadas por muitos estudos ao aumento do fator neurotrófico, um mecanismo de estímulo e de proteção do cérebro. “Um estudo recente em estudantes irlandeses mostrou que após o exercício houve uma melhora em tarefas relacionadas à memória. Essa observação foi relacionada a um aumento dos níveis de fator neurotrófico no sangue”, aponta a equipe de neurologia do HCor. Contudo, os benefícios do exercício ao cérebro parecem ser semelhantes ao que se observa nos músculos: existem enquanto o exercício faz parte do dia a dia.
Um estudo recente com estudantes irlandeses mostrou que após o exercício houve uma melhora em tarefas relacionadas à memória
Enxaqueca atinge mais as mulheres
- – Uma em cada cinco mulheres sofre da doença, enquanto apenas um em cada 12 homens passa pelo mesmo problema. Até crianças são afetadas, embora as reclamações sejam mais frequentes em adultos de 20 a 50 anos.
- – Náuseas, vômito e sensibilidade à luz costumam acompanhar a enxaqueca. Mas também pode haver sensação de agulhadas de um lado do corpo, sensibilidade exagerada a som e odores, pescoço rígido e dolorido, letargia e exaustão.
- – As causas da enxaqueca ainda não são totalmente conhecidas. A maioria dos especialistas acredita que o ataque começa no próprio cérebro, envolvendo vários elementos químicos e circuitos neurais. As alterações afetam o fluxo sanguíneo no cérebro e nos tecidos adjacentes.