Aumenta incidência de infarto em mulheres
Pílula anticoncepcional combinada com tabagismo aumenta as chances de um evento cardiovascular
O infarto é visto como um problema tipicamente masculino há muitos anos. De fato, as ocorrências sempre foram mais frequentes entre homens, mas as mulheres não podem negligenciar o problema. Estudos sugerem que 20% delas estão expostas a fatores de risco.
As doenças cardiovasculares já se tornaram a principal causa de morte entre as mulheres, de acordo com o Ministério da Saúde. São registrados 20 mil óbitos por ano decorrentes de problemas cardiovasculares – a primeira causa de morte é o AVC (Acidente Vascular Cerebral) e a segunda é o infarto.
O aumento de eventos cardiovasculares em mulheres é consequência do envelhecimento da população e das mudanças no estilo de vida. “A mulher acumula funções. Ela trabalha fora, cuida da casa e da família. O ritmo acelerado a expõe a muito estresse e favorece hábitos pouco saudáveis, como sedentarismo e má alimentação”, explica a Dra. Magaly Arrais, cirurgiã cardíaca do HCor.
São Paulo lidera ranking
Um estudo realizado para identificar o crescimento de doenças cardiovasculares em mulheres apontou as capitais com aumento de óbitos entre o público feminino. Nesse ranking, São Paulo está em primeiro lugar com 38 mil mortes por ano, seguido pelo Rio de Janeiro com 18 mil óbitos. Em terceiro, Minas Gerais aparece com 16 mil mortes.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares são responsáveis por 1/3 de todas as mortes de mulheres no mundo, o equivalente a cerca de 8,5 milhões de óbitos por ano, mais de 23 mil por dia.
Geralmente a mulher não presta atenção nos sintomas de doenças cardiovasculares. Ela os confunde com outros problemas, como uma dor na coluna ou no braço
Sinais negligenciados
As mulheres nem sempre percebem os sinais de risco cardiovascular. Um dos principais alertas está no índice de colesterol. O HDL (colesterol bom) deve estar acima de 50mg/dl, enquanto o LDL (colesterol ruim) deve estar abaixo de 100mg/dl. Além disso, a pressão arterial não deve passar de 12 por 8.
“Geralmente a mulher não presta atenção nos sintomas de doenças cardiovasculares. Ela acha que os sintomas são consequência de problemas na coluna ou no braço, por ter carregado a criança ou uma sacola pesada”, esclarece a cirurgiã cardíaca.
Fatores combinados
Com o envelhecimento da população, a pressão arterial e o nível de colesterol tendem a aumentar. A falta de atividade física e a dieta inadequada levam ao sobrepeso e à obesidade, que também aumentam o risco cardiovascular. A obesidade é um dos fatores de risco mais preocupantes, já que o número de mulheres obesas no Brasil cresceu 64% em 10 anos. Quando a mulher fuma e usa pílula anticoncepcional, os riscos cardiovasculares são triplicados.
Para contornar a situação, os médicos sugerem duas medidas básicas: reeducação alimentar e plano de atividades físicas. Os cardiologistas recomendam as atividades de cunho aeróbico como caminhadas e corridas, porém elas devem ser praticadas moderadamente e nos horários em que o sol está menos agressivo.
A identificação e o controle dos fatores de risco requerem acompanhamento médico e exames, como ecocardiograma tridimensional e angiotomografia de artérias coronárias, além de ressonância magnética e tomografia computadorizada do coração.
Excesso de peso é mais perigoso para o público feminino
O sobrepeso coloca em risco a saúde cardiovascular de mulheres. O risco delas terem um infarto é dez vezes maior do que em homens na mesma condição, aponta um recente estudo realizado em São Paulo. Além dos fatores básicos, como má alimentação e sedentarismo, o público feminino sofre também com a variação hormonal da menopausa. A queda na produção do hormônio estrogênio, após o tempo fértil da mulher, eleva o risco de doenças cardíacas. O estrogênio equilibra a gordura no sangue e, portanto, também responde pelo controle do colesterol. Alimentação balanceada, exercícios regulares, controle de estresse e sono adequado são os primeiros passos para controlar o excesso de peso. Recomenda-se a personalização da dieta para a perda inicial de peso, o que requer acompanhamento médico e nutricional. Depois, a mulher deve passar por uma reeducação alimentar para manter o peso.