Pais devem incentivar vida saudável para combater obesidade

Longe de ser apenas uma questão estética, a dieta hipercalórica e inadequada transforma esses jovens em verdadeiras bombas-relógios para as doenças cardiovasculares

Combate a obesidade infantil
Participe das refeições do seu filho e aproveite a oportunidade para explicar a importância da boa alimentação

A epidemia da obesidade não é mais exclusividade dos adultos, ela já atinge o universo infantil. Levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou que 51,4% dos meninos e 43,8% das meninas, entre 5 e 9 anos, estão acima do peso ideal.

Muitos fatores contribuem para esse quadro preocupante. Nem sempre os pais podem acompanhar a alimentação dos filhos de perto, por causa do dia a dia corrido. As crianças também estão mais sedentárias, porque a violência e o crescimento das cidades estão minando as brincadeiras ao ar livre. E o pior: nas longas horas em que ficam assistindo à televisão ou jogando videogame, elas costumam recorrer às guloseimas calóricas.

Além disso, muitas famílias estão deixando de ser bons exemplos de conduta. Cerca de 50% dos brasileiros adultos estão acima do peso, em meio a um cenário repleto de produtos industrializados, com o apelo das redes de fast e os alimentos calóricos das cantinas escolares.

Contra isso, a Dra. Ieda Jatene, chefe da Cardiologia Pediátrica do HCor, recomenda conscientizar a sociedade para o problema: “A obesidade na infância e na adolescência antecipa doenças da vida adulta, como os altos níveis de colesterol, o diabetes e a hipertensão, tornando esses jovens pequenas bombas-relógios para as doenças cardiovasculares“.

Segundo a médica do HCor, o processo aterosclerótico (acúmulo de gordura nas artérias) se instala ainda na infância. “E a doença não só compromete as coronárias, mas as artérias renais e cerebrais. Quanto antes instalados, esses danos trazem uma série de complicações. Hoje temos pacientes de 20 e 30 anos com manifestação de doenças coronarianas e aterosclerose, algo que não víamos no passado”, ressalta.

Levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou que 51,4% dos meninos e 43,8% das meninas, entre 5 e 9 anos, estão acima do peso ideal

A solução do problema

Não à toa que a programação do Congresso da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo), em maio passado, reservou espaço para uma nova discussão: a palestra “Formas de doenças cardiovasculares na infância” foi incluída na pauta, justamente para atualizar a sociedade médica.

Prática de atividade física na infância
A prática de atividades físicas na infância é uma forma de reverter o excesso de peso e garantir uma vida adulta mais saudável

“Ao longo dos últimos anos, os pediatras acompanharam uma transformação que culminou no controle da desnutrição para a obesidade. Antes, nossos pacientes tinham apenas doenças cardíacas congênitas, hoje vemos adolescentes com maus hábitos de vida que levam a doenças comuns no envelhecimento”, esclarece. “Não é fácil mudar os hábitos dos mais velhos, mas educar as crianças mostrando a importância de uma alimentação saudável é uma alternativa eficaz. Para tanto, precisamos envolver, além dos jovens, pais, cuidadores, avós, professores, educadores físicos, psicólogos, pediatras, nutricionistas e os demais profissionais envolvidos com as crianças”, defende a médica.

Reeducação alimentar, não restrição

É importante que os pais saibam: crianças e adolescentes não devem se submeter a dietas restritivas porque estão em fase de desenvolvimento e precisam de uma alimentação variada e balanceada, explica Rosana Perim, gerente de Nutrição do HCor. “O caminho de sucesso na luta contra a balança se resume basicamente em quatro frentes de combate: conscientização, educação, mudança de hábitos à mesa e inclusão de atividade física no cotidiano.”

Uma das alternativas é aumentar o número de refeições à mesa reunindo a família, as crianças e os adolescentes. “Alguns estudos já demonstraram que esses jovens costumam comer de forma mais equilibrada e possuem menos problemas com o peso”, argumenta Perim.

HORA DA REFEIÇÃO

• Prefira pães, massas e bolachas à base de farinha integral: além de proporcionar maior saciedade, são ricos em fibra e auxiliam no funcionamento do intestino.

• Substitui os doces industrializados por frutas da estação ou secas: é uma forma de suprir a vontade de comer algo adocicado.

• Opte por sorvetes à base de frutas que são menos calóricos.

• No lugar de refrigerantes e sucos prontos (ambos ricos em açúcar e sódio), opte por água e sucos naturais.

• É possível preparar o hambúrguer em casa e assá-los ao em vez de fritar. O mesmo vale para a batata frita e outras frituras.

• Troque as bolachas recheadas por aqueles sem recheio – com menos gordura, açúcar e sódio.

• Para não oferecer sempre os salgadinhos industrializados, uma opção é trocá-los por vegetais cortados em formatos pequenos, como cenoura, tomate, pepino – temperados com sal e azeite são ótimos petiscos para serem devorados na frente da TV.

• Ensine os pequenos a se alimentarem a cada 3 horas com opções saudáveis, como frutas, vitaminas ao leite, iogurtes, queijos magros.

• Não faça drásticas restrições, use o bom senso, uma vez ou outra, petiscos podem fazer parte da dieta.