Stent bioabsorvível reduz chances de novas obstruções nas artérias
Prótese feita com material especial de uso biológico permite a normalização do fluxo sanguíneo no vaso obstruído e diminui o risco de novos entupimentos
O stent bioabsorvível é uma tecnologia pioneira e revolucionária na cardiologia que vem sendo estudada há dez anos. Recentemente começou a ser aplicada efetivamente no HCor com resultados bastante promissores. Após a aprovação da ANVISA, no começo de 2015, estes stents puderam ser implantados em pacientes.
Produzidos com um material especial de uso biológico, os stents bioabsorvíveis são próteses que, em contato com a parede dos vasos sanguíneos, reagem quimicamente, sendo transformados em água e dióxido de carbono, com objetivo de deixar os vasos livres das placas de gordura e do próprio stent, que serviu de “molde” quando foi implantado.
Atualmente, a angioplastia coronária é a forma mais comum de tratamento para doença arterial coronariana, que é a presença de entupimentos nas artérias do coração. A angioplastia utiliza os stents metálicos – uma “molinha” colocada pela virilha ou pelo punho, que atinge o coração e desobstrui a artéria.
Já os stents metálicos farmacológicos possuem uma medicação que é liberada no local do entupimento nos primeiros 30 dias após o procedimento. Este stent desobstrui de maneira imediata a artéria e a medicação atua na região para diminuir a probabilidade de voltar o entupimento.
De acordo com o Dr. José Eduardo Sousa, responsável pelo Serviço de Hemodinâmica do HCor e criador do stent convencional e do farmacológico, bem como o responsável pelo primeiro implante do stent bioabsorvível em paciente no HCor, a reabsorção destes novos stents começa seis meses após o implante e desaparece em até dois anos sem deixar qualquer sinal do seu uso prévio.
“Essa tecnologia não provoca novo risco ao organismo. Além disso, um dos efeitos do uso desse polímero é a diminuição do risco da formação de coágulos no local do stent, que é introduzido por meio da angioplastia, em pessoas com obstrução nas artérias. Inserido no vaso obstruído, ele permite a normalização do fluxo sanguíneo e diminui o risco de doenças como o infarto”, esclarece Dr. Sousa.
Para o cardiologista, o fato de o novo produto ir desaparecendo com o tempo pode trazer algumas vantagens ao paciente, pois sendo eliminado evita os riscos de trombose. “No caso do stent feito de metal pode haver uma coagulação exagerada em torno da prótese, o que pode gerar a necessidade de um novo implante no futuro. Como o stent bioabsorvível vai se dissolvendo, a chance de isso acontecer é menor”, afirma.
Há algumas situações em que os stents metálicos ainda são melhores, especialmente em casos de intervenções em vasos muito pequenos e tortuosos. Isso porque os dispositivos metálicos ainda são muito mais finos do que os bioabsorvíveis. Com o tempo, os bioabsorvíveis se tornarão uso padrão em grande parte dos casos, especialmente em pacientes mais jovens ou com outros problemas de saúde, como o diabetes, que fazem com que a doença avance muito mais rapidamente.