Saiba como a automedicação pode prejudicar sua saúde
Pesquisa feita pela Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica (Abifarma) aponta que 80 milhões de pessoas tomam remédios para amenizar as dores sem consultar um médico
Quem nunca tomou um remédio sem prescrição após uma dor de cabeça ou febre? Ou pediu opinião a um amigo sobre qual medicamento ingerir em determinadas ocasiões? A automedicação, muitas vezes vista como uma solução para o alívio imediato de alguns sintomas, pode trazer consequências mais graves do que se imagina.
Entre os remédios que aparecem como alvos principais da automedicação estão os que combatem a dor de cabeça e muscular, tosse e resfriados, problemas digestivos como prisão de ventre, diarreia e ardor no estômago. Remédios para rinites alérgicas, aftas, hemorroidas, queimaduras solares, verrugas, e problemas cutâneos moderados completam a lista. O uso incorreto pode acarretar o agravamento de uma doença, uma vez que a utilização inadequada esconde determinados sintomas.
Reações adversas
A automedicação é a principal causa de intoxicação no país, segundo informações do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX). De acordo com a entidade, 70% da população realiza algum tipo de automedicação que se define como o consumo de medicamentos sem prescrição médica ou quando se altera a prescrição referente à dose ou frequência. O uso indiscriminado de remédios pode levar ainda a graves problemas como lesões no fígado, insuficiência nos rins, sangramentos no estômago e nos intestinos e ainda à aplasia de medula, uma doença que interfere na formação das células do sangue.
“Um simples medicamento para tratar dor de cabeça, ou qualquer outro tipo de dor, pode causar reações adversas graves. E utilizá-los de forma incorreta pode acarretar o agravamento de uma doença. Se for antibiótico, a atenção deve ser sempre redobrada, pois o uso abusivo destes produtos pode facilitar o aumento da resistência de microorganismos, o que compromete a eficácia dos tratamentos”, alerta Marcelo Murad, gerente de Medicamentos e Materiais do HCor.
De acordo com o Clínico Geral do HCor, Dr. Abrão Cury, alguns medicamentos conhecidos (veja quadro) e de fácil acesso que contêm dipirona, paracetamol, ácido acetilsalicílico, entre outros, podem causar efeitos adversos como lesões de pele, queda de pressão arterial, mal-estar, tonturas, desmaios, que são normalmente revertidos com a interrupção do uso. “Porém, em alguns casos, podem ocasionar danos graves e até irreversíveis, levando em consideração a faixa etária, sendo que idosos e crianças são os mais atingidos. Em casos de necessidade, evite a automedicação e procure sempre orientação do seu médico”, esclarece Dr. Cury.
CONHEÇA OS EFEITOS COLATERAIS DA AUTOMEDICAÇÃO
Paracetamol:
aumenta o risco de lesões irreversíveis e falência dos órgãos. As crianças são mais vulneráveis.
Dipirona:
diminuição células do sangue, como glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas. Ácido acetilsalicílico: oito comprimidos são suficientes para aumentar o risco de excesso de acidez no sangue e baixa acentuada de glicose, causando choque cardiovascular e insuficiência respiratória.
Antiácido / Bicarbonato de sódio:
cada envelope tem 0,85 gramas de sódio. Se você tomar dois durante o dia, chegará a 1,7g, bem próximo da recomendação máxima diária de 2g.
Amoxilina:
abuso leva à proliferação de bactérias resistentes a antibióticos, o que é um perigo para a saúde pública.
Descongestionante nasal:
o uso crônico de soros nasais com vasoconstritor leva à hipertrofia da mucosa nasal e, ao invés de desentupir o nariz, em médio e longo prazos provoca entupimentos.